segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Nos meus momentos de solidão,quando morei a primeira vez em Portugal,eu lia a Canção do Exílio de Gonçalves Dias com o forma de aliviar a saudade que sentia de casa; sentia como se aquele poema fosse feito para mim.A saudade que sentia de minha terra era grande,toda e qualquer referência de Brasil ajudava-me a minimizá-la.
Por anos fiquei dividida por um amor luso-brasileiro,um amor plenamente físico no sentido das terras,da cultura,dos climas,dos ares...Hoje e depois de mais uma vez morar por lá,meu amor por minha pátria mãe prevaleceu,embora a paixão que sinto por Portugal ainda mantenha uma braza em meu coração.


Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá
.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;

Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.



De Primeiros cantos (1847)
Gonçalves Dias

Um comentário:

Eliana Ribeiro disse...

Somos casa, pátria/mátria, Ser.
Somos imensidão, Planeta, Humanidade.
Somos, somamos
Contadores que contam as dores,
feliciades e amores.

beijos
Eliana